quarta-feira, 25 de março de 2009

Resumo do livro “Zeca Afonso, o andarilho da voz de ouro”

O livro que eu vou apresentar chama-se ”Zeca Afonso, o andarilho da voz de ouro”. O seu autor é José Jorge Letria, que foi companheiro do cantor antes do 25 de Abril; a editora é “Campo das Letras”.
Escolhi este livro porque gosto de narrativas com fundamento histórico. Este narra a vida de Zeca Afonso, ao mesmo tempo, faz um retrato de como se vivia em Portugal antes da Revolução do 25 de Abril de 1974, portanto, no período da Ditadura Salazarista.
Zeca Afonso foi um grande cantor e poeta português do século XX, que se destacou com canções de intervenção política, canções que criticavam a ditadura em que o país vivia e faziam as pessoas sonhar com a liberdade.
Nasceu em Aveiro, no dia 2 de Agosto de 1929. Adorava música e era um sonhador, todos diziam que era muito distraído.
Cresceu dividido entre dois mundos: Portugal e África.
O pai era juiz e ocupou cargos em Angola e em Moçambique, que eram colónias portuguesas.
Até aos 3 anos, Zeca viveu em Aveiro, na casa dos tios. Depois, partiu para Angola para viver com os pais. Em 1937, para fazer os seus estudos regressou a Portugal, voltando a viver com os tios em Aveiro.
Quando estava em África, sentia saudades e vontade de regressar a Portugal, mas quando aqui estava queria voltar para junto dos pais e dos amigos que fizera no outro continente, onde se tinha sentido livre e feliz.
Foi em África que aprendeu ritmos e melodias que marcaram as suas canções e brincou muito com os meninos negros, considerando-os iguais a si. Mais tarde, acabou por compreender que havia uma fronteira entre uns e outros, criada pelos adultos brancos que mandavam naquelas terras. Nessa altura, começou a ser um menino rebelde e fez uma promessa a si mesmo: que haveria de lutar com todas as forças, para que Portugal fosse, um dia, um país livre.
Portugal era, então, um país atrasado, triste e amedrontado. A liberdade era proibida e sobre ela não se podia falar ou escrever. Tudo era vigiado e controlado, os rapazes e raparigas estavam separados nas escolas e os namorados não podiam trocar um beijo no meio da rua. Quem dizia o que pensava podia acabar preso pela PIDE, a polícia de Salazar.
Durante a 2ª Guerra Mundial, os seus pais foram feitos prisioneiros, em Timor, pelos japoneses, que tinham ocupado aquele território. Nessa época, sofreu muito pois não sabia se eles iriam sobreviver. Passou a detestar a palavra «guerra», o que, mais tarde, o levou a escrever canções que defendiam a paz.
Passou um período na casa do tio Filomeno, em Belmonte. Detestou esse tempo, porque o tio gostava de Salazar e obrigou-o a usar a farda da Mocidade Portuguesa.
Frequentou o liceu em Coimbra, onde aprendeu a cantar o fado e passou a ser muito aplaudido. Mas, depressa quis ser ele a escrever a letra das suas canções porque queria falar das injustiças do país. Passou a cantar essas canções apenas com o acompanhamento de viola, o que era uma grande novidade no país.
Em 1964, foi com a família para Moçambique, onde deu aulas, escreveu novas canções e fez música para teatro.
Em 1967, regressou a Portugal e instalou-se em Setúbal, mas foi proibido de ensinar. Passou a ser, também, um cantor proibido pela censura: a televisão não podia transmitir imagens suas ou a sua voz, a rádio não podia passar os seus discos e os seus espectáculos estavam proibidos pela PIDE. Mas, quanto mais o queriam calar, mais eram as pessoas que o desejavam ouvir.
Em 1973, um ano antes da Revolução dos Cravos, foi preso pela PIDE e levado para a prisão de Caxias. Imediatamente, circulou um abaixo-assinado com milhares de assinaturas que exigiam a sua libertação.
Foi uma canção de Zeca Afonso que serviu de senha ou sinal para os militares saírem dos seus quartéis, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974. Essa canção chama-se “Grândola, Vila Morena”.
Em 1983, subiu ao palco do Coliseu dos Recreios, pela última vez. Estava já muito doente e sem forças. Tinha um cravo vermelho na mão e cantou, com os amigos, as canções que deram nome e voz à esperança e liberdade em Portugal.
Morreu na madrugada do dia 27 de Fevereiro de 1987, vítima de esclerose lateral amiotrópica.

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